Na semana passada, o Diário publicou um vídeo onde a protetora de animais de Paulínia, Rose Abreu (@rosebreus), fez várias denúncias sobre problemas que estariam ocorrendo no DPBEA (Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal) de Paulínia.
Desta vez, para evitar represálias, não identificaremos as protetoras que fizeram as denúncias, inclusive algumas já foram feitas no Ministério Público; como foi o caso de uma cachorra que teria morrido, após o DPBEA não ter feito uma transfusão de sangue no animal.
Segundo uma protetora, a alegação do Departamento teria sido de que não havia bolsa de sangue disponível para atender o animal, mas ela questiona: “Isso é um absurdo, a empresa que gerencia o DPBEA recebe milhões para fazer isso, (R$ 8 milhões por ano, segundo apurou nossa reportagem) e eles não podem deixar esse tipo de coisa acontecer! Eles precisam estar preparados”, disse. Ainda sobre essa morte, as protetoras dizem que a única geladeira disponível no DPBEA só consegue armazenar bolsas de sangue por apenas quatro dias.
Outra denúncia foi de que uma cachorra abandonada no Píer do Parque da Represa, após ser resgatada pelo DPBEA, teria sido solta novamente no local pelo Departamento sem ter sido castrada e com cinomose, uma doença viral altamente contagiosa e grave que afeta os cães; nesse caso o animal também morreu.
As protetoras também disseram que não é feita a separação correta dos animais nas baias e muitos estariam falecendo por isso. Deram como exemplo um caso recente, em que um cão atacado na madrugada por outros cães, após ser medicado pela manhã, foi colocado novamente na mesma baia onde havia sido atacado; resultado, foi novamente atacado e morreu.
Outra denúncia é de que os animais levados pelas protetoras ao Departamento, muitas vezes simplesmente “desaparecem” após ficar um período no local. As protetoras dizem que apenas são informadas de que os animais são levados para um local na cidade de Mairinque–SP.
“Foram enviados vários caminhões com animais de Paulínia a cidade de Mairinque, e as notícias sobre eles é restrita ou quase nenhuma. Já fizemos vários protocolos na Prefeitura pedindo para visitar o local e saber dos animais, mas nunca nos responderam”, dizem as protetoras.
Segundo as defensoras, no período da noite, o DPBEA só atende animais levados pelo SAMU Animal. Ou seja, caso um animal precise ser atendido urgentemente no período do dia, o cidadão pode levar até o Departamento que ele será atendido. Agora, caso seja no período noturno, a pessoa precisa acionar o SAMU Animal para que somente ele faça o resgate e o atendimento.
Isso porque, segundo as protetoras, não há veterinários de plantão no DPBEA à noite e na madrugada, por isso, quando o SAMU Animal é acionado, ele ainda precisa ir buscar o veterinário onde ele estiver, antes de seguir até o local da emergência. “Por isso, que demoram horas para atender uma chamada e muitas vezes é tarde demais, o animal já está morto”, explicou as protetoras.
Por fim, as protetoras reclamam que está previsto no contrato da empresa que gerencia o DPBEA que diariamente serão realizadas 40 consultas, sendo 20 pela manhã e 20 à tarde, mas que por diversas vezes, quando ligam logo cedo pela manhã, são informadas de que acabaram os agendamentos. Também reclamam que muitos funcionários do local passam na frente seus animais, de amigos e parentes.
As protetoras finalizam dizendo que o DPBEA virou um grande cabide de empregos de pessoas que estão ali por serem indicações políticas e não por sua capacidade técnica de trabalho.
Morador do São José já tinha reclamado sobre o atendimento do SAMU Animal
A situação narrada pelas protetoras em relação ao SAMU Animal já havia sido informada a nossa reportagem por um munícipe no mês passado. Um paulinense disse à nossa equipe que, por volta das 23h, viu um cachorro ser atropelado em uma avenida do bairro São José e, com a intenção de salvar o animal, colocou o bicho na caçamba de sua picape e foi até o DPBEA.
O homem disse que quando chegou ao local, encontrou o lugar todo fechado e que, após gritar no portão, um segurança apareceu e disse que ele teria que levar o cachorro de volta para onde havia sido atropelado e de lá chamar o SAMU Animal, pois não havia ninguém no prédio para realizar o atendimento.
Perplexo, o homem disse que aquela situação era ridícula e ameaçou chamar a polícia e a imprensa caso o animal não fosse atendido. Só depois disso, uma pessoa apareceu e levou o animal para dentro do DPBEA. O homem disse que, depois disso, nunca mais teve informações do cão, se sobreviveu ou não.
Na época, nossa reportagem ligou no Departamento e na Prefeitura de Paulínia para saber do animal, mas não tivemos retorno.