CAOS NA SAÚDE: A pouco mais de três meses da eleição, Cazellato convoca médicos para tentar tirar a saúde de Paulínia da UTI
A cinco meses de deixar a Prefeitura de Paulínia, o prefeito Du Cazellato resolveu convocar 71 novos médicos especialistas para a rede pública de saúde que prestaram concurso. Curioso é que a decisão do chefe do Executivo veio a pouco mais de três meses da eleição municipal, onde Du, irá apoiar seu sucessor, que deverá ser escolhido no próximo dia 27.
Ocorre que nem bem anunciou a medida e as críticas de grande parte da população já começaram. Muitos estão dizendo nas redes sociais que é apenas uma medida eleitoreira de Cazellato, visando as eleições, a fim de tentar amenizar os problemas que a saúde pública de Paulínia enfrenta há anos e que seu governo não conseguiu resolver.
Fato é que, eleitoreira ou não, tal medida vem tarde, muito tarde! Isso porque, em cinco anos à frente da Prefeitura, Cazellato não conseguiu tirar a saúde de Paulínia da UTI, e quem afirma isso, são os fatos narrados pela própria população.
Fatos como a demora no atendimento no HMP (Hospital Municipal de Paulínia), em alguns dias de até 6 horas para passar pelo médico; falta de medicamentos gratuitos nas farmácias das UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e casos de negligência em toda a rede; como o de uma servidora aposentada, que em fevereiro deste ano, quase faleceu após ser atendida no HMP e mandada para casa com ruptura do apêndice.
Ou de outros munícipes que alegaram falta de exames de imagem durante a madrugada e aos finais de semana no HMP e até falta de testes de Dengue e Covid.



No caso da falta de medicamentos, reclamações vêm sendo postadas diariamente nas redes sociais e em grupos de WhatsApp, de munícipes que alegam não terem conseguido pegar gratuitamente os remédios de que precisam. Na maioria, quase sempre pelo mesmo motivo, são informados que os medicamentos estão em falta.
Segundo a população, faltam remédios simples como vitaminas e para controle de temperatura, como Dipirona, por exemplo; aos mais complexos, como para o controle de diabetes e esquizofrenia.


Até o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE) apontou o caos na saúde pública de Paulínia, como um dos motivos para reprovar as contas da gestão Du Cazellato; com vários apontamentos que reprovaram os exercícios financeiros de 2019, 20 e 21 (2022 e 23 ainda serão julgados).
O TCE identificou diversas deficiências na gestão Cazellato na área da saúde que prejudicam a vida da população. Conforme os pareceres do Tribunal, a população da cidade sofre com longas e demoradas filas por consultas com especialistas e a realização de exames e cirurgias.
Foram apontados também problemas como concessão de Reajuste Geral Anual por decreto em determinado ano, mesmo em período pandêmico, o que foi considerado uma prática vedada pela legislação; e pagamento excessivo de horas extras e baixa qualidade dos gastos públicos.


O secretário chegou a dizer ainda que não dava para corrigir tudo da noite para o dia, em um passe de mágica, chegando a dizer que: “O TCE tem a interpretação de que a gente tem a varinha de condão, eu acho, pode ser, não sei”. Afirmou isso, mesmo a atual administração estando há cinco anos no poder.
Lembrando que Brandit chegou a dizer, em outra reunião do Conselho de Saúde, que mora em Campinas e que utiliza plano de saúde.



Até um vereador da base governista, o vereador José Soares, apresentou o Requerimento n.º 289/24 no Legislativo, cobrando à gestão Du Cazellato informações sobre a falta de profissionais anestesistas no HMP. Algo que, segundo o edil, tem por resultado a morosidade nos atendimentos, como: cirurgias eletivas, endoscopias e colonoscopias.
Em resposta a outro requerimento n.º 1407/2023 do mesmo vereador, questionando o Executivo sobre quantos munícipes estão aguardando na fila de espera para a realização de procedimento cirúrgico; a Secretaria de Saúde informou que existe uma fila de 1.449 solicitações médicas.

Mesmo sendo a segunda cidade mais rica da RMC, Paulínia não oferece para sua população vagas para hemodiálise na sua rede pública de saúde. Com isso, diariamente, paulinenses que necessitam deste serviço precisam se deslocar para hospitais de cidades da região, como, por exemplo, a Unicamp ou o Hospital Estadual de Sumaré, para conseguir fazer o tratamento.


O Hospital Municipal de Paulínia não possui UTI neonatal. Com isso, os bebês que precisam de atendimento acabam tendo que ser levados para hospitais da região, como Unicamp, Hospital Estadual de Sumaré ou Hospital Mário Gatti; via sistema de regulação de vagas. Em 2023, Paulínia registrou 7 óbitos de recém-nascidos.
A UTI neonatal é um espaço reservado especialmente para o cuidado de bebês prematuros ou mesmo os que, apesar de terem nascido a termo (a partir de 37 semanas), necessitem ficar em observação após o nascimento.


Diante dos fatos narrados, podemos questionar se as reprovações do TCE são mesmo só por um “descascadinho na parede”, como disse o secretário? Lembrando que, só para este ano, a Secretaria de Saúde de Paulínia possui cerca de R$ 571 milhões de orçamento; mesmo assim, a saúde na cidade continua um caos.