ABANDONADOS PELA PREFEITURA: Moradores da ocupação Bezerra de Menezes sofrem com o descaso da gestão Du Cazellato
Barracos feitos com restos de madeira e papelão, casas de alvenaria em condições precárias, falta de energia elétrica, dificuldade de acesso à água e esgoto, animais peçonhentos e dificuldade de acesso a programas sociais. Estes são alguns dos desafios que 32 famílias paulinenses enfrentam diariamente na ocupação Bezerra de Menezes (antiga clínica), localizada na região do Parque da Represa, em Paulínia.
Um descaso com a dignidade humana, alimentado pela atual gestão do prefeito Du Cazellato, que - em cinco anos à frente da Prefeitura - não construiu nenhum conjunto habitacional de casas populares para atender as pessoas que mais precisam, como as da ocupação Bezerra de Menezes. Enquanto isso, vários condomínios de alto padrão se multiplicam pela cidade, autorizados pela gestão Cazellato, promovendo uma verdadeira segregação social em Paulínia.
Ao invés de resolver a situação precária em que vivem os moradores da ocupação, a gestão Cazellato tentou acabar com a comunidade, com uma reintegração de posse em 2021, já que parte do terreno é público. Tal feito não se concretizou, devido à ação dos moradores que resistiram e do Ministério Público, que interveio em favor das famílias.
Os moradores alegam que, na época, foram avisados de que teriam que deixar o local e que a Prefeitura teria prometido um aluguel social de R$ 600 por seis meses e mais nada. Ou seja, as 32 famílias que não têm para onde ir, dentre elas muitas crianças, teriam que seguir por conta própria após o fim da ajuda.
“Não queremos nada de graça! Como se trata de um terreno público e estamos aqui há mais de 10 anos, queremos que a Prefeitura resolva nossa situação legalizando nossa ocupação. Todo mundo aqui está disposto a pagar pelos lotes. Aqui somos trabalhadores, nós votamos aqui. Somos paulinenses e queremos condições dignas de vida”, desabafou uma moradora.
As famílias alegam que foram abandonadas pela Prefeitura. Segundo elas, após a tentativa frustrada de reintegração de posse, a gestão Cazellato fechou as portas para a comunidade, não recebendo mais a comissão de moradores que tenta negociar com as autoridades uma solução.
A comunidade utiliza energia por meio de ligações clandestinas, os “gatos”, já que, segundo as famílias, a CPFL cortou a energia por ordem da Prefeitura. O acesso à água e esgoto é precário. Os moradores dizem que o acesso à água só não foi cortado porque é de responsabilidade da Sabesp, a qual é uma autarquia do governo estadual e não municipal. Também têm a utilização de fossas coletivas e a maioria das famílias não consegue se cadastrar no PAS (Programa de Ação Social) da Prefeitura.
Algo que causa revolta nas famílias é que uma parte do terreno onde está a ocupação foi doada pela Prefeitura para a Sabesp, para uma ampliação do sistema de abastecimento da região - obra que não foi realizada, por haver famílias morando no local. “A minha pergunta para o senhor prefeito é: se ele doou parte do terreno aqui para a Sabesp, por que então ele não regulariza nossa situação, loteando aqui para as famílias? Não queremos nada de graça! Queremos ter nossa dignidade e nosso próprio endereço residencial”, disse outro morador.
Por fim, os moradores da ocupação dizem que só querem uma solução para o caso. “Vivemos há anos nesta situação, não dá mais, precisamos de uma solução. Aqui é uma área pública ocupada por pessoas simples e trabalhadoras, só queremos viver em paz e com dignidade”, desabafou um morador.
Procuramos a Prefeitura de Paulínia para saber sobre a situação das famílias na ocupação, mas não tivemos resposta.
Nossa reportagem optou por não divulgar a identidade de nenhum morador que deu depoimento para evitar algum tipo de represália.