SAMBÓDROMO: maior símbolo do Carnaval de Paulínia está entregue ao abandono, drogas e prostituição

O maior símbolo do Carnaval de Paulínia, o Sambódromo, está entregue à própria sorte. Abandonado por gestões passadas e pela atual, do prefeito Du Cazellato, o espaço público que custou R$ 50 milhões e já foi palco de grandes desfiles que elevaram o nível do carnaval paulinense para o melhor da região, agora é o retrato do abandono e do descaso do poder público.

Além de estar se deteriorando lentamente com o tempo, o local virou ponto de prostituição e usuários de drogas.

Nossa reportagem esteve por dois dias no Sambódromo, que fica no Parque Brasil 500, e só conseguiu fazer imagens, em um deles, com a presença da GCM (Guarda Civil Municipal), devido à falta de segurança que tomou conta do espaço. O local está totalmente abandonado. Na parte exterior do prédio há muito mato, pichações e lixo. As arquibancadas estão se deteriorando; cadeiras e camarotes estão depredados e parte do telhado cedeu.

Na parte interna, o prédio mais parece um cenário de guerra. Totalmente vandalizado, com salas, corredores e banheiros com paredes, portas, janelas e forros destruídos. Além de vazamentos hidráulicos, parte da fiação que ainda não foi furtada está exposta. Há muito lixo espalhado por todo o lugar e várias poças d’água, o que pode servir de criadouro do mosquito da Dengue.
Também chamou atenção a grande quantidade de preservativos usados e embalagens jogadas pelo chão. Encontramos roupas, móveis e colchões velhos, o que aparentemente mostra que o local também está sendo usado como abrigo para pessoas em situação de rua.
➡️ Prostituição

Nossa reportagem recebeu informações de que o local estaria sendo usado como zona de prostituição de homens e mulheres. Notamos uma grande movimentação de veículos no estacionamento, na maioria homens, que ficavam nos carros ou iam para o interior do prédio.
Abordamos um jovem parado próximo a um banheiro na parte externa, que concordou em falar com nossa reportagem desde que não fosse identificado nem fosse feito nenhum tipo de gravação. Ele pediu para ser chamado de Victor e revelou que o local é muito usado por casais para o que chamou de: “pegação”.
Ele explicou que encontros sexuais são marcados no local, muitas vezes por casais, desconhecidos via Tinder (aplicativo de encontro) e para a realização de programas. “A maioria aqui é pegação, mas tem prostituição, sim, eu mesmo já vim aqui com um cara que contratei para sair”, disse.
Enquanto nossa equipe falava com o jovem, ele nos apontou duas mulheres sentadas nos últimos degraus das arquibancadas, como supostas garotas de programa, esperando clientes.
Assim que elas notaram a presença da nossa equipe, logo saíram às pressas de onde estavam. Neste momento, um homem que não se identificou e que já acompanhava de longe o trabalho da nossa reportagem, se aproximou com questionamentos como: “Quem são vocês?” “O que vocês querem aqui? Vaza”, disse o desconhecido.
Nossa reportagem resolveu então deixar o lugar por questões de segurança e retornar no dia seguinte com a presença da GCM.
➡️ Uso de drogas

O uso de drogas no local parece evidente, já que nossa equipe encontrou vários frascos de eppendorfs (usados também para armazenar drogas como cocaína e maconha) e cachimbos artesanais (usados para fumar crack), espalhados pelo chão do prédio.

Nossa reportagem flagrou pessoas, aparentemente usuárias de drogas, entrando no prédio na posse de entorpecentes.
➡️ GCM no local
A GCM informou que mantém uma viatura na área do Sambódromo para evitar qualquer tipo de delito no local; entretanto, muitas vezes a equipe precisa sair para dar apoio em outras ocorrências e, é neste momento que o local passa a ser frequentado. No segundo dia, com a presença da GCM, nossa reportagem notou a movimentação apressada de pessoas para deixar o espaço.

➡️ De grandes shows a decadência

Antes de ser abandonado - além dos desfiles das escolas de samba e grandes shows como o “Amigos” em 1996 e o “SWU”, em 2011 - o Sambódromo "Carnavalesco Floriano Ferreira Dóia”, que já foi considerado o maior sambódromo coberto do país; chegou a abrigar por alguns anos, um campus da Universidade São Marcos e de maneira improvisada, alunos da Escola Estadual Parque dos Servidores.
Hoje, o espaço não tem condições de abrigar nenhum evento. Vale lembrar que o Sambódromo, bem como o Theatro Municipal, é mais uma grande obra cultural, construídas por gestões passadas, que aparentemente estão sendo ignoradas pela gestão do atual prefeito Du Cazellato.