A servidora pública aposentada, Maria Elvira Silva, 65 anos, disse ter passado apuros no último dia 20, após procurar atendimento no Hospital Municipal de Paulínia (HMP) e receber alta, mesmo com fortes dores. Mais tarde, descobriu-se que se tratava de uma ruptura do apêndice, que poderia ter causado uma inflamação generalizada, levando a óbito.
Na sessão ordinária da Câmara de Paulínia, nesta terça-feira, 6, o vereador Tiguila Paes abordou o caso da aposentada e outro semelhante, ocorrido com um parente seu. O parlamentar explicou que um primo também foi mandado para casa após ser medicado no HMP; e que, em seguida, procurou um hospital particular, onde foi diagnosticado com apendicite aguda, tendo que fazer cirurgia.
“Que a diretoria do HMP veja essas negligências desses médicos, a gente está falando de vidas, não adianta agora depois que acontece...[pausa na fala].. teve agora uma morte que a gente está investigando, depois processar a municipalidade, a vida não tem preço”, disse o vereador.

A aposentada explica que procurou atendimento na unidade com fortes dores no abdômen, chegando a desmaiar na entrada do Pronto Socorro (PS). Relatou que quando retomou a consciência foi atendida por uma médica que lhe receitou um remédio para dor e pediu um exame de radiografia.
Segundo ela, após ser medicada e fazer o exame, acabou recebendo alta — mesmo ainda sentindo muita dor. “A médica olhou o exame e disse serem apenas gases e disse que eu poderia ir para casa, mesmo eu com muitas dores”, conta.
Acontece que em casa, as dores só pioraram e, já no dia 21 (domingo), a aposentada teve que ser levada às pressas novamente para o HMP. Chegando lá todo o procedimento médico foi feito rapidamente, disse a paciente, mas que o médico que lhe atendeu explicou que ela precisaria passar por um exame de ultrassom, já que a suspeita era ruptura do apêndice.
Foi aí que veio a surpresa. Eram 21h, e o médico disse que ela teria que esperar até às 8h do dia seguinte (segunda-feira, 22), que era quando esse exame começava a ser realizado novamente no HMP. “O médico disse que eu ia ter que esperar porque esse exame era feito só a partir das 8h da manhã”, disse.

Voltando ao caso da aposentada: mesmo com medicação e em observação, as dores continuavam, foi então que, já na madrugada de segunda-feira, uma médica resolveu examinar a aposentada e, prontamente, só ao tocar a paciente, disse que ela estava com o apêndice rompido e seria levada imediatamente para a cirurgia.
Em resumo, a aposentada passou por cirurgia, ficou três dias na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), teve que fazer lavagem interna dos órgãos e recebeu alta após uma semana.

A aposentada disse que sua indignação é pelo fato de não haver exame de ultrassonografia de madrugada no HMP e de ter recebido alta na primeira vez que foi atendida, mesmo relatando que ainda sentia muitas dores.
“Agradeço aos médicos que me atenderam na segunda vez e todas as enfermeiras. Entretanto, fico preocupada de ter sido mandada para casa na primeira vez, mesmo com fortes dores, e também pelo fato de o HMP não ter exame de ultrassom durante a madrugada. Fiquei com medo de falecer”, disse.
Procuramos a Prefeitura de Paulínia para saber sobre o caso da aposentada e sobre a suposta falta de exame de ultrassonografia no HMP durante a madrugada e aos finais de semana. Também questionamos sobre as falas do vereador Tiguila Paes. Mas até o momento não tivemos retorno.