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5 anos como prefeito e nenhum projeto de habitação, Cazellato agora, a 8 meses da eleição, promete casas populares

Existe um ditado que diz: “Ano eleitoral, quando os milagres acontecem!”; em Paulínia parece não ser diferente.

Está semana, durante entrevista a um programa da TV Cultura, o prefeito de Paulínia, Du Cazellato, anunciou que seu governo finalmente investirá na construção de moradias populares. Segundo o mandatário, será em uma área de 109 mil metros quadrados no bairro Saltinho, com previsão de mil unidades construídas.
Acontece que a promessa do prefeito levanta algumas questões, como o porquê de só agora, a 8 meses das eleições municipais, Cazellato finalmente resolve atender essa demanda que vem sendo cobrada há anos pela população? Isso porque o prefeito está à frente da Prefeitura há cinco anos; portanto, tempo suficiente para a implantação de programas habitacionais na cidade.
Será que os 4.500 paulinenses (dados da Secretaria Municipal de Habitação) que esperam na fila por casas populares podem acreditar nessa promessa do prefeito? Lembrando que Cazellato disse mil unidades; portanto, apenas cerca de 22% das pessoas que estão na fila serão atendidas, se, o projeto de fato acontecer.
Até porque, uma obra dessa magnitude, mesmo que começasse amanhã, não ficaria pronta antes de 2025, quando a cidade terá uma nova gestão com um novo prefeito, já que Du Cazellato está no segundo mandato, então não poderá concorrer; ou seja, será que uma nova gestão levará o suposto projeto adiante? Lembrando que o prefeito não disse na entrevista quando a obra sairá do papel nem deu detalhes do projeto.
Cazellato disse ainda que para a obra serão usados recursos 100% da Prefeitura, e é aí que a coisa se complica. Isso porque, para o orçamento do município deste ano, de cerca de R$ 2,5 bilhões, a pasta da Secretaria de Habitação foi a que menos teve recursos destinados, cerca de R$ 3,8 milhões; sendo que para a implantação de projetos de construção de casas populares, foram destinados pouco mais de R$ 1,3 milhão.
Ou seja, menos que o município planeja gastar este ano, cerca de R$ 10 milhões, com a contratação de empresas especializadas em locação de brinquedos infláveis, pipoqueira, carrinho de picolé, algodão-doce, maquiagem artística etc.; para ações da Secretaria de Esportes, Cultura, Turismo e Eventos.
Uma promessa que mais aparenta ser de cunho eleitoral, já que basta qualquer cidadão paulinense conferir quais são as prioridades do governo Du Cazellato na área da habitação. Nesses dois mandatos, a liberação de condomínios, a maioria de alto padrão, bateu recordes; enquanto nenhum conjunto habitacional foi construído.
Novos empreendimentos imobiliários surgem na cidade do dia para a noite, atraindo novos moradores e aumentando o tamanho da população. O que não aumenta são os investimentos do poder público para atender às demandas desse crescimento populacional.
A malha viária, por exemplo, continua a mesma de 20 anos atrás, provocando grandes congestionamentos pela cidade, em especial nos horários de pico. Com exceção da nova ponte que liga ao João Aranha, nenhuma outra obra de mobilidade foi feita.
Também foram poucos os investimentos na construção de equipamentos públicos de saúde e educação, com nenhuma nova escola nível médio ou técnico sendo construída; nem novas unidades básicas de saúde. Ou seja, a população cresce, mas a oferta pública de serviços não.
Na entrevista, o prefeito até tenta justificar estes problemas que já existem e que tendem a piorar a longo prazo se nada for feito; quando ele diz que um dos problemas do HMP — Hospital Municipal de Paulínia é que a unidade atende 30% de pessoas de fora. Algo que não é verdade. Isso porque, em resposta a um requerimento de um vereador, a Prefeitura alegou que apenas 20% dos atendimentos no HMP são de pessoas de fora; portanto 80% dos atendimentos no HMP são de paulinenses.
Lembrando que a Câmara de Paulínia já aprovou e o prefeito sancionou, a lei que autoriza a alienação da área no Saltinho para a iniciativa privada. Avaliada em R$ 31 milhões, a lei diz que o espaço deverá ser exclusivamente destinado para a construção de unidades habitacionais, mediante a processo licitatório.