Cazellato gastará cerca de R$ 2,2 milhões com implantação de internet em espaços públicos, que terá coleta de dados pessoais da população
Na semana passada o prefeito de Paulínia, Du Cazellato, anunciou a criação do Projeto “Conecta Paulínia”, que segundo o prefeito, tem por objetivo proporcionar internet gratuita à população em espaços públicos, como parques e repartições. Entretanto, só não anunciou o valor que isso irá custar para os cofres públicos da cidade, cerca de R$ 2,2 milhões.
Mas tem como fazer de outra forma?
Seus dados pessoais terão proteção?
Ou seja, internet de “gratuita” não tem nada, pois no final das contas o povo é quem pagará essa conta. Além disso, para ter acesso ao serviço, as pessoas terão que colocar dados pessoais que não se sabe para quê serão usados.

A resposta é sim. Quando uma cidade é gerida por uma administração competente que sabe trabalhar em parceria com a iniciativa privada, ela consegue disponibilizar internet para sua população sem ter custos milionários.
Veja o exemplo da cidade de São Paulo. Na capital, a Prefeitura não está tendo custo para disponibilizar acesso gratuito de internet para as pessoas, pois criou um programa que troca a exploração de publicidade digital pelo serviço gratuito à população. Outro exemplo, é a cidade de João Pessoa-PB, que busca a implantação de wi-fi gratuito, também por meio de Parcerias Público Privadas (PPP) com empresas provedoras de acesso à internet.
Por fim, muitos até a aprovam disponibilizar acesso gratuito de internet etc.; entretanto, talvez por não saberem que enquanto milhões são gastos com isso, faltam vários tipos de remédios na rede pública de saúde de Paulínia que deveriam ser distribuídos gratuitamente para a população.

A Prefeitura anunciou também que para usar o serviço pela primeira vez, a pessoa terá que fazer um cadastro, e que segundo o edital, poderá ser solicitado: nome e sobrenome, idade, e-mail, CPF, endereço e data de nascimento. Acontece que a Prefeitura até hoje não disponibilizou qual a política de tratamento de dados de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD); ou seja, como ficará a segurança desses dados pessoais das pessoas?
O edital ainda prevê a disponibilização desses dados à empresa contratada para realizar o serviço, sem informar qual será o tratamento destes dados. Qual a finalidade disso? A empresa que operar o serviço ficar com os dados da população. Além disso, por via de regra, redes públicas são um ponto fácil para hackers realizarem ataques e coletarem dados sigilosos de outras pessoas.
Vale lembrar que vazamento de dados é algo que ocorre há muito tempo, mas, atualmente, ganhou proporções significativas, nos últimos anos. Portanto, todo cuidado é pouco para não se tornar mais uma vítima de crimes cibernéticos.
Em um levantamento publicado no site da empresa holandesa de segurança virtual Surfshark, o Brasil aparece como o sexto país em número de dados vazados no ano passado — 24,2 milhões. Mesmo assim, o número pode ser muito maior, visto que foi em janeiro de 2021 que houve no país o maior megavazamento de dados pessoais, quando 232 milhões de informações foram violadas.
O número divulgado na época assustou muitos brasileiros, visto ser maior do que a própria população do país, estimada em 212 milhões pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre as informações violadas, constavam números de CPF, telefone, e-mail, domicílios e salários, entre outros.