Audiência pública sobre a concessão do Teatro de Paulínia é marcada por posições contrárias ao projeto



A Prefeitura de Paulínia realizou na noite de ontem (29), uma audiência pública sobre o projeto de concessão do Theatro Municipal de Paulínia. A reunião foi marcada por opiniões contrárias ao projeto que prevê conceder o espaço pelos próximos 20 anos para a iniciativa privada.

A apresentação do plano de concessão foi feita, curiosamente, pelo secretário de Transportes, João Victor Teixeira, e não pelo secretário de Esportes e Cultura, Alexandre Fávaro, pasta da qual pertence o projeto; fato questionado por algumas pessoas presentes, mas que não foi explicado pelos representantes da Administração.
Durante a apresentação, o secretário de “Transportes”, fez uma breve explanação sobre o projeto, como critérios técnicos, dados, previsões e deveres. Explicou que o valor a ser pago pela empresa que assumir o Teatro ainda não está definido, por serem necessários mais estudos; entretanto, até o momento, o valor aproximado seria em torno de R$ 4,7 milhões fixos e mais um valor variável pago anualmente ao município, a ser definido na proposta comercial.
Além disso, o projeto prevê a exploração do entorno do Teatro para a realização de eventos e do estacionamento.
Após a breve apresentação, foi aberta a participação popular. Cerca de dez pessoas pediram a palavra para fazer perguntas e dar suas opiniões; nenhuma disse ser favorável à concessão. Os munícipes apresentaram diversos argumentos que culminaram todos pela reprovação da ideia de tirar do poder público e transferir para a iniciativa privada, a gestão do Teatro.
Muitas críticas foram feitas, entre elas: o tempo de concessão, 20 anos, que seria muito tempo; a falta de diálogo com a população sobre a concessão, em especial com a classe artística da cidade; a elitização do teatro com ingressos a preços inacessíveis, desfavorecendo a cultura popular e o acesso dos mais carentes; a cobrança pelo uso do estacionamento e do entorno; a restrição de uso do local pelos grupos de dança, escolas e oficinas de cultura do município; além da possibilidade do nome do Teatro (Paulo Gracindo) ser mudado mediante naming rights.
No entendimento de alguns participantes que pediram a palavra, a cidade de Paulínia possui recursos e servidores públicos suficientes, para manter o Teatro em pleno funcionamento, vendo como algo desnecessário e oportunista da gestão Du Cazellato, entregar nas mãos da iniciativa privada, esse bem público que custou mais de R$ 50 milhões e já foi um dos principais teatros do Brasil.
Vale lembrar que a suposta falta de diálogo com a população sobre a concessão não foi só abordada na audiência, como também foi alvo de denúncia no Ministério Público de Paulínia, no último dia 25. Onde um cidadão solicitou o cancelamento da audiência, alegando que a Prefeitura não disponibilizou previamente o projeto para ser analisado pela população antes da realização da audiência.